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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Nova MPB - O reino de Vênus.

Movimento que parece bem destacado no cenário nacional dos últimos cinco anos é o feliz aparecimento de nova onda do que se pode chamar de novíssima MPB.
Marcada, notadamente, do ponto de vista musical por uma influência muito grande do samba, mas também da música lírica, soul, jazz e de uma instrumentalidade incomum e sensível, essas novas características acabam sendo extremamente produtivas para o gênero que se destaca claramente nessa nova fase: o gênero feminino.
Sim! Porque nas minhas parcas audições, não vejo ninguém além de um Diogo Nogueira e Rodrigo Maranhão (este mais conhecido pelas composições) nessa nova fase da MPB.
Note-se, claro, que não considero Zeca Baleiro, Chico César, Moska, Lenine (entre outros) participantes desse movimento, porque já possuem seus lugares que cronologicamente foram ocupados bem antes dessa nova geração, nascida depois da década de 80...
Dessas novas, destaco, porque as mais impressionantes: Maria Gadú, Roberta Sá, Ana Cañas, Mariana Aydar e Céu (a vovó de todas as outras). Não coloco Vanessa da Mata nesse meio porque apesar de gostar, vejo que todas essas que foram citadas aqui são muito mais musicais do que a moça que tem uma mangueira no quintal que, diga-se de passagem, é péssima ao vivo - tenta, aos trancos e barrancos, fazer falsetes e brincar com a voz para tentar fazer disfarçar a grande dificuldade que tem em passar por perto das versões que grava em estúdio.
Das citadas, acho que Maria Gadú impressiona pela precocidade (a bobinha shimbalayê foi feita aos 10) mas também pela pegada forte no violão (em "Laranja" lembra Lenine) e em letras bem mais elaboradas e ricas, como em Dona Cila, Altar Particular ou mesmo em Tudo Diferente. A voz é macia como uma seda e pode transformar uma "Baba baby" em uma canção que você fica pensando onde diabos já escutou tão familiar música (mesmo ficando triste quando descobre...). Mas Bethânia também já cantou "É o amor" e achei lindo, então... tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já disse Fernando Pessoa. Não sei se trará Leandro Léo à reboque, mas ele também é muito bom.
Roberta Sá, por seu lado, faz uso impressionante da sua voz, e canta sorrindo, como se nada fizesse. Quando ouvi "samba de um minuto" (de Rodrigo Maranhão), me encantei pela natalense que flutua no palco e de Dorival cantou "Vizinha do Lado" de maneira ímpar e juntou sua facilidade de cantar samba de roda e ritmos de ciranda com as composições de Pedro Luis (como em Girando na Renda) e gravou um cd muito cuidadoso e belo de se ouvir do começo ao fim.
Ana Cañas traz um estilo algumas vezes um pouco mais experimental. Outras é bem Pop, e ainda tem procurado se firmar definitivamente. Acho que a ajuda de Nando Reis, em "Pra você guardei o amor" vem bem a calhar. Certamente Virá com outras tão boas como em "Devolve moço" e "Esconderijo" (que tem um clipe bem legal dirigido por Selton Melo).
Mariana Aydar também vem bem nessa safra. Ouvi-la lembra um pouco de Leila Pinheiro, mas com mais ritmo. Tem o suígue brasileiro, e parece estar bem próximo da Bossa Nova. Mais que as outras que comento aqui. Mas também anda muito muito bem no samba e ainda passa meio pelo xote e baião. Tem alguns vídeos na internet dela junto com Roberta Sá. Ambas são ótimas.
Céu pode ser considerada uma veterana em relação às que aqui citei. Já tem 3 CDs gravados.
Quem está procurando alguma coisa nova na música e escuta "Cangote", "Bubuia", "Comadi", "Lenda" certamente encontra. Escutei Céu pela primeira vez no programa "Tom Brasil" (eu acho) há uns 4 anos, mais ou menos. Se você gosta de música, escute. De todas, também pela experiência, é a mais cheia de Soul e Jazz e faz uso irrepreensível da voz, que não deixaria nada a desejar em nenhum festival mundial.

E onde estão os homens nessa hora é que eu me pergunto...E não que queira que tal onda acabe, pois é muito rica e profusa em talentos, pois elas além de intérpretes (o que era regra num passado recente) também estão se tornando ótimas músicas, compositoras e instrumentistas dedicadas, e aqui citei apenas algumas delas.

É que uma boa voz masculina que entre nessa nova onda também faz falta e só ter um Diogo Nogueira (que não só não nega seu DNA como faz uso dele nos seus discos) é pouco.

Marte, na música, parece ter entrado em eclipse, apagado pelo som de Vênus.

3 comentários:

  1. Por Jupter, viva Vênus! Pois, até certo tempo atrás, aquelas que a representavam na música brasileira, quase que, obrigatoriamente, tinham que fazer um pacto com Marte (masculinidade) ou Hefesto (feiura)para demonstrar seu talento. Ótimo texto Demetrius. Abraço

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  2. Por Jupter, viva Vênus! Essa fase me parece bem mais atraente. Nas décadas de 80 e 90 as representantes de Vênus, em sua maioria, por alguma razão que ainda não desvendei, tinham que pactuar com Marte (masculinidade) ou Hefesto (feiura) para demonstrarem talento. Ótimo texto Demetrius, abraço

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  3. Vc e seus textos que deixam o leitor acreditar que ta ouvindo vc falar pessoalmente!!Gadu ta dando show na musica brasileira!

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