Seja Bem-Vindo!

Aqui se fala sobre música, sobre artistas e sobre bandas da cena nacional e internacional, de hoje e de sempre!

Já se falou aqui?

terça-feira, 27 de abril de 2010

Abril Pro-Rock 2010


Ainda em excursão pelas terras do Capibaribe, no sábado, depois do show de Simply Red, no dia 17 de abril (sábado) fui dar uma conferida no Abril Pro-Rock, evento que sempre revela boas bandas no cenário nacional.
A cena é bem peculiar e sempre muito forte - esse foi o segundo festival que tive oportunidade de conferir - de uma galera que vai para curtir o som, mas também a cultura de pernambuco, que se movimenta por exposições de telas e quadros, por divulgação e venda de LPs durante a festa, de tatoos, comida típica...
Dentre as bandas que tive oportunidade de ver no palco, destaco a River Raid (exatamente o nome do joguinho do Atari que, inclusive, ficava passando nos telões ao lado do palco durante a apresentação da banda pernambucana). De fato, vi guitarras bem pesadas que me lembraram algumas vezes o Arctics Monkeys, mas sem a mesma velocidade, mais cadenciado, mas com uma energia muito boa.
Outra boa banda que vi foi a Plastic Noir, do Ceará. Mas achei a coisa meio soturna, muito fechado o som, sei lá. O vocalista parecia o Nazi, do Ira, mas bem mais carregado.
Vi também se apresentando no palco o Wado, que eu já conhecia de nome e de algumas músicas, mas vi que o cara é realmente muito bom. Apresenta um tipo de som que se pode considerar completamente World Music, motivo pelo qual já foi selecionado em alguns festivais como revelação e já faz sucesso há algum tempo em países da Europa.
3 Na Massa foi também uma grande e ótima surpresa. As cantoras se revezando no palco em uma mistura cheia de suígue, de jazz, blues, misturado com uma batida eletrônica muito legal. Muito som legal que, mesmo sem conhecer, deu vontade de escutar com muita atenção, sobretudo por Marina de La Riva e Nina Becker, que eu já conhecia de outras músicas.
Esperei muito do Instituto Mexicano Del Sonido, mas não gostei muito não. Mistura uma porrada de música dos anos 70 e 80 e achei um pouco forçado o som, misturando esses hits com música latina.
Afrika Bambaataa também achei que seria diferente, mas na cena deles, a coisa do hip-hop é extremamente forte. Fizeram até um remix lá com o Funk brasileiro e mexeram muito com a galera fazendo gritos de guerra com o nome da cidade... "Reciiiiiiiiiiiifeeeee..." aí o povo gostou e entrou meio na do grupo.
O bom mesmo foi ver Fernanda Takai com o Pato Fu.
A banda inteira, que já tem quase 15 anos de estrada mostra uma sintonia no palco que se vê em poucos grupos.
John é o grande maestro da coisa toda, aliás ele produz os discos do Pato Fu já faz algum tempo. Aliás, a apresentação até que fugiu um pouco dos Samplers e da programação eletrônica, muito presente nos discos do grupo Mineiro.
Aliás, Fernanda é um show a parte. Seu jeitinho muito meigo (e agora até meio Senhora), feito um playmobil, fica balançando os bracinhos, fazendo dancinhas de criança, usando orelhinhas de coelho, mas tem uma maturidade vocal absurda, e impressiona a todos quando assume a posição de roqueira pesada, como aconteceu em "Capetão 66.6". É muito legal, pois mostra o quanto ela pode variar com a sua voz, mesmo tão meiga.
Cantaram e embalaram a galera (pouca, prejudicada pela chuva que caiu o final de semana inteiro na cidade - não mais que duas mil pessoas) com seus velhos hits, como 'Perdendo os Dentes", "eu", "antes que seja tarde" e "ando meio desligado" ."Sobre o tempo" encerrou a noite, o show e o festival, que, pelo que vi, se não foi o melhor de público, mas valeu a pena ter acontecido, para manter a tradição de revelar bandas ao cenário nacional e movimentar a cena do rock Pernambucano, que é tão profuso e está sempre na vanguarda.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Farewell, Simply Red!


Esse final de semana fiz um pequeno tour cultural pela cidade do Recife, acompanhado da minha irmã caçula que, quem diria, acabou por me ciceronear durante tal estada.
Na sexta feira, outra das melhores experiências da minha vida no que diz respeito a grandes espetáculos: Simply Red.
Mick Hucknall é o próprio Simply Red, e apesar das entrevistas que deu dizendo que suas idéias criativas para o grupo acabaram, certamente que sua carreira solo não vai demorar a se consolidar, apesar do fato de que o público não desvinculá tão cedo a sua voz de canções que se tornaram rits (sobretudo românticos) como “If you dont know me by now” e “Stars”.
Aliás, fato notado pela minha irmã Yve, ver Mick no palco é a mesma coisa de vê-lo quando eu comprei, em 1996, um disco “the Best of”.
Mas para mim, o melhor disco do grupo é “Blue”, um dos discos que nem foi tão festejado assim, mas que, para mim, demonstra o que o grupo é capaz de representar em termos de sonoridade, indo ao reggae, ao jazz, ao R & B e ao romântico.
Apesar do setlist não ser exatamente aquilo que se poderia obter de uma carreira de 25 anos e muitos sucessos, no sentido de que o público poderia ter visto um show em que todas as músicas, se não fossem cantadas completamente, seriam bem conhecidas, para quem é fã de verdade, o show mostrou, na primeira parte, um Mick completamente no auge de sua potencialidade musical, mas também mostrou o próprio crooner dando créditos aos seus músicos, sobretudo a kenji Suzuki, na guitarra (com solos impressionantes) e Kevin Robinson nos metais (sempre presentes nas músicas do Simply).
Apesar da grande rotatividade dos integrantes (somente o próprio Mick é da formação original), em várias entrevistas, ele mesmo diz que todo o sucesso só foi possível graças, sobretudo, à qualidade dos músicos envolvidos, entre os quais, até teve um brasileiro, entre 88 e 96, Heitor Pereira, na Guitarra.
Somente na segunda parte do show é que o grupo se voltou mais à matar a saudade dos fãs e apontar para o final da carreira do grupo (farewell tour é o nome da turnê).
Nessa segunda metade do show é que se vê um Mick que entra meio comportado em um colete azul sobre uma camisa meio lilás se descabelar, brincar com a platéia, empolgar o público e mostrar o que levou o grupo a ganhar Grammy’s e atingir o topo de Billboard diversas vezes: a energia.
A partir de “Stars”, o grupo começa a enveredar pelo jazz, R & B que, no meu ver, é onde é mais forte. E a partir daí, velhas canções tomam o público para dançar em “Come to my aid”, “Money tôo tight to mention”, mesclada com hits românticos em “Mellow my Mind” e “If you don’t know me by now”, que encerra o show em êxtase.
Eu, de minha parte, senti falta de algumas músicas que, no meu ver, deveriam ter feito parte do setlist, como “Night Nurse”, “Say You Love me”, “The air that I Breath”, “The Right Thig”, “ A new Flame”, e mesmo que seja comercial, não custava nada ter tocado “For You Babies”. Alguém que me via cantar as músicas, já no final do show até me perguntou : “ei, você que é fã, eles não vão tocar for your babies e if you don´t know me by now não?” Na mesma ora ele começou a entoar essa última, mas os bebês não vieram...
É pouco provável que Mick se livre tão cedo de toda a carga que lhe cabe em razão da existência do Simpy Red, suas músicas e seus sucessos marcantes, mas foi realmente muito bom poder fazer parte dessa despedida.
Só para acompanhar, segue o setlist do show.

Out on the Range
Your Mirror
Home Loan Blues
Oh! What a Girl!
Heaven
You Make Me Believe
So Beautiful
Stars
To Be With You
More
Enough
Mellow My Mind
Sad Old Red
Holding Back The Years
Come To My Aid
Fake
Money's Too Tight (To Mention)
Ain't That A Lot Of Love
Sunrise
Something Got Me Started
If You Don't Know Me By Now.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Discos da Minha Vida - Jagged Little Pill - Alanis Morissette


Não me lembro exatamente quando e nem onde, mas um dia desses vi alguma coisa a respeito de uma lista que era proposta por uma pessoa, questionada sobre quais os discos que salvaria se, por um acaso do destino, acontecesse alguma tragédia em que só fosse possível salvar 10 obras.
Algumas revistas especializadas chamam essa seção de “discos da minha vida” ou qualquer coisa que o valha. Então vamos lá.
O primeiro disco que eu salvaria no caso de acontecer o que se prevê no cinema e em algumas previsões menos otimistas em 2012 seria Jagged Little Pill, de Alanis Morissette (1996).
Quem me apresentou ao disco foi Breno, grande amigo e companheiro de inúmeras ocasiões enquanto estudava em João Pessoa, lá na Praça dos Três Poderes.
Esse é um disco que me lembra desse tempo, de coisas boas, mas também é um disco que representa muito, na minha visão, para o Rock n’ Roll contemporâneo.
As letras do disco são resultado de uma compositora (a própria Alanis) cheia de raiva, rancor, ressentimento, desespero que se manifesta nos versos de canções que falam de vingança, de ódio e muita dor, de falta de honestidade, de pressão em todas as formas, da solidão e de amores não correspondidos que sangram em forma de gritos, mas também de perdão, de busca pelo amor próprio e por altruísmo na própria vida.
Alguma vezes tenta avisar como a vida é difícil (e como ela também ensina), como o caminho é longo e algumas vezes tomamos caminhos errados e de como é difícil reencontrar a direção certa (ainda que em cada tropeço e dificuldade possa-se encontrar razão para seguir), o amor verdadeiro, as razões de viver, a honestidade, a felicidade.
Acho que “You Oughta Know” resume bem todas as misturas de sentimento do disco e é uma daquelas músicas que, de uma forma ou outra, todos que a escutam já tiveram vontade de cantá-la gritando para alguém. Confessional, sem dúvida nenhuma, em relação à própria Alanis, que fez do disco uma mensagem. Para mim é a melhor de todas elas.
E isso tudo é feito de maneira tão musicalmente forte que é impossível não escutar todas as faixas, uma após a outra e não achar que havia ali uma clara ligação entre as músicas, como se fosse parte de uma mesma conversa, divididas apenas em assuntos para facilitar a construção do disco.
O disco todo é um grito. Em todas as faixas Alanis vai aos píncaros de sua potência vocal, junto com as guitarras e com uma gaita (tocada por ela mesma) que se encaixa completamente com as suas performances no palco, agindo feito uma louca, girando em círculos, balançando os cabelos, inundada pelos sentimentos das letras e pela densidade do seu som pesado.
Não poderia ser para menos. Foram 6 indicações ao Grammy e a canadense levou 4 deles, inclusive, álbum do ano. Nunca nenhuma cantora feminina vendeu tanto num álbum de estréia e, no Brasil, vendeu 250 mil cópias.
O disco foi lançado na sua forma acústica 10 anos depois de seu lançamento original. Uma Alanis mais comedida no uso da sua voz aparece, ladeada por violões, piano, e por uma bateria que usa quase sempre baquetas de vassoura, cantando as mesmas músicas que a levaram ao topo de todas as paradas internacionais. Dá uma versão musicada para a música “Your House” que aparece quase um minuto depois da última faixa do disco original em forma de poema, só vocal.
Se foi uma jogada de marketing, para dar uma alavancada na sua carreira e na sua música (que ficou até meio experimental por uns discos, andando até pela eletrônica) tudo bem, mas ainda vale a pena – talvez (e sobretudo) para os que acham Jagged Little Pill uma pancada. Mas quem gosta da Alanis escuta só uma vez o acústico e volta a escutar o original, pesado e desesperado. Esse para mim é o espírito do disco e por isso ele é tão bom que valeria salvá-lo de qualquer Armageddon.