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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Toda cidade tem o Bar que merece



Caríssimos,

É uma pena. Outro dia escrevi por aqui o quão difícil é manter uma cena legal de música e cultura aqui na cidade. Os bares são escassos, os recursos são escassos, a cidade fica, a cada dia mais, aculturada, pobre (de dinheiro e de cultura) e mesmo existindo muita gente bem intencionada, parece sempre que é nadar contra a maré.

Segue o texto de despedida de Ingrid e Hetury, dando conta do fechamento do Bronx. Pedi permissão a eles para reproduzi-lo aqui.
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Toda cidade tem o bar que merece

Se nós nos perguntarmos, ou mesmo perguntarmos a alguém de qualquer parte do mundo o que se teria como ideal de um bar para se curtir na sua cidade, esse alguém provavelmente lhe responderia que o bar teria que ser de fácil acesso, com amplo estacionamento, onde qualquer tostão serviria para o guardador local. Que tivesse cerveja gelada, música ao vivo de qualidade pagável com míseros reais, onde você pudesse se encantar com quem você bem se entendesse sem se sentir desrespeitado ou intimidado, um lugar onde sua turma vivesse de fato em harmonia com o semelhante sem se importar com títulos ou sobrenomes, onde todos vivessem em completa harmonia. Seria possível um lugar assim, onde os seres vivessem suas fantasias em paz? Vos digo que sim, esse lugar de coexistência existe, ou melhor, até ontem existia, bem aqui no centro.

Os fatos que levaram até o encerramento das atividades do Bronx vão virar lenda, porque no fundo não importa o que se diga ou se escreva, no final faltou foi grana mesmo. É muito complicado trabalhar numa cidade onde não existe geração de renda. Vocês se lembram qual foi a última empresa que abriu na cidade que gerasse renda para mais de 1.000 pessoas? E olha que não estou falando de nem 1% da população campinense. Como se sai de casa para curtir sem grana? Não dá!

Como dinheiro gera dinheiro, essa é uma lei do nosso velho capitalismo, estamos indo para onde ele está no momento, porque por mais que as pessoas daqui neguem, um fato é relutante na minha cabeça, não consigo mais viver no marasmo. Por isso vamos a luta, vamos começar de novo.

Numa hora de despedidas são necessários os agradecimentos as pessoas que estiveram sonhando conosco até o ultimo timbre: A Fábio Rolim, Laércio Barros (o benevolente), Nivaldo segurança, Bob, Daianne Porto, Juliana Santos, Raoni Oliveira, Priscila, Caju, Isaac (Equipe Bronx); a todos os músicos daqui, dali e de acolá; aos parceiros e coletivos; aos amigos Helenaldo e Amanda, Adriano, Ivan, Carol e Danilo, Ellen, Poliana, a grande Val Danada, Patrícia, Robitcha, Célio Barros e os meninos super poderosos da Rox, Franz lima e Manu, a Felipanpis. A cada um de vocês, inclusive os esquecidos, o nosso simples OBRIGADO. Somos gratos pela capacidade de vocês em ajudar sem medida o próximo, esse é o significado real de SER humano.

E a você que sempre chegava pra nós e pedia com tanta vontade que desse certo e que agente permanecesse por aqui, desculpa, mas não deu.

Para você que torcia contra, desculpa, mas não deu certo, estamos indo para Fortaleza ver a copa com uns chegados, enquanto você vê pela TV de 14”.

E se foram dois anos de muita música, muitos amigos, sorrisos, abraços e beijos, cerva gelada e um calor danado, mas acima de tudo muita beleza. Como era bonito de ver o Bronx lotado, todos com os punhos cerrados para saudar o presente divino de VIVER.

A Maria Clara e a Cleuda pelas orações e bênçãos, que Deus as abençoe. Amo vocês.

A Ingrid, minha mulher, meu amor é seu, pra todo sempre, amém.

Valeu,

Até breve.

Por Maria, por Helena, por Nós.

Hétury de Araujo Estrela.

O Rappa - Dommus Hall - João Pessoa, 12 de novembro de 2011


Mais uma vez a completa certeza de que continua sendo a banda brasileira que mais produz e continua a produzir boa música, bons espetáculos, bons discos. Mais uma vez a energia que Falcão passa para a galera é uma coisa bombástica. Como se fosse morrer logo ali, depois do show então... como ele mesmo diz: BOTA PRA FUDER!!!

E esse show, diferente dos muitos que eu já vi, não teve espaço pra respirar entre músicas pesadas e mais leves, porque foi totalmente intenso, do começo ao fim. Talvez pela parada que deram de quase dois anos, motivada, aparentemente, por algumas diferenças entre os membros da banda, mas que no final se mostrou necessária não pelas diferenças, mas pelo cançaso mesmo de quase 20 anos de estrada, tenha feito com que tivessem vindo com tanta gana. Pelo menos é assim que Xandão tem dito nas entrevistas.

De toda forma, Falcão agradeceu algumas vezes por a galera "ter esperado o Rappa voltar" e mandou, no começo: "Avisa pra todo mundo que o rappa voltou!"

O show começou com o telão mostrando um tipo de resumo das conquistas do rappa, as capas dos discos, os prêmios de música, além de depoimentos dos integrantes, sempre falando da saudade da banda, do retorno, da renovação, do gás com que voltavam, da vontade de estar na estrada, e terminou com a frase: "O RAPPA ESTÁ DE VOLTA". E o estouro começou com "Lado B, Lado A" e a partir daí foi tudo uma pancada.


O palco estava todo montado com as mesmas artes do último CD/DVD gravado ao vivo na Rocinha, com madeiritos, caixotes e cordas, imitando palafitas e barracos, além das tradicionais projeções em todo o palco, mostrando o sincretismo religioso, imagens fortes de violência misturados com outras de esperança, crianças, e também com frases ou palavras. A bandeira da Paraíba também apareceu, levando ao delírio o público.

O show estava lotado, muito lotado mesmo. Liás, vendo o site oficial da banda, foi recorde de público na Dommus, com 8.700 pessoas. Mesmo pagando mais para o frontstage, não tem jeito, foi, em alguma hora, aperto. Só dá pra aguentar porque ali, na intensidade do show, ninguém tá nem aí para calor nem nada. Queria era curtir tudo o que tinha para curtir.

E Falcão sempre ajuda, jogando muita água pra galera. Ele parou o show duas vezes pra fazer isso. Era muito quente mesmo.

Coisa que também dá muito pra perceber é quem é fã mesmo ou quem vai pra escutar "pescador de ilusões" e "Vapor Barato". O show foi todo montado em cima do último trabalho inédito do grupo, "Sete Vezes". Assim, muita gente que não acompanha de verdade a banda, acaba ficando meio voando. Mas quem é fã mesmo sabe da qualidade do último trabalho, tão bom quanto todos os demais, até mesmo da referência (pelo menos para mim) que é o "Rappa Mundi".


Assim, vieram "Meu Mundo é o Barro", "Hóstia", "Fininho da Vida", "Súplica Cearense", "Documento", "7 Vezes", "Meu Santo tá Cansado", e "Monstro Invisível".

Entre elas, também não podem nunca deixar de acontecer as que sustentam a banda ao longo de sua história, ainda que algumas não sejam assim tão comuns, como "O Salto", "Homem Amarelo", "Papo de Surdo e Mudo" e "Linha Vermelha". Mas vieram também "Pescador de Ilusões", "Mar de gente", "O que sobrou do Céu", "Minha Alma", "Rodo Cotidiano" e "Reza Vela".

E assim foram quase uma hora e meia de muita intensidade que é próprio das bandas que gostam de tocar ao vivo. Com o apoio sempre providencial do DJ Negralha, fazendo as transições entre as músicas, o rappa continua muito bem na fita. E, segundo as notícias, entram em estúdio para gravar a partir de janeiro novo álbum que, segundo Xandão, será o melhor da carreira do Rappa. Que seja!


Outra nota boa foi Val Donato (muito melhor cantando rock pesado do que MPB ou o que o valha) e a banda Entidade, que se apresentaram antes do Rappa e não deixaram a galera parada nem sem cantar um minuto sequer, cantando RHCP, SOD, Audio Slave, Coldplay e por aí vai...

Bom show, Digno da história do Rappa e ainda bem acompanhado por bandas de apoio muito empolgadas com a chance, certamente, de abrir para mais uma apresentação memorável da melhor banda de rock do Brasil.